terça-feira, 26 de junho de 2012

Litúrgia gótica

Emfadonho o triste penar
das almas, espectros a voar,
convalescência sem fim
e que tal a morte em mim?

o medo não assiste, desiste,
a morte não espera, insiste

A usurpação do momento
menospreza qualquer pensamento
surge de forma espontânea, isolada,
leva-nos corrente abaixo, de jangada

o medo não assiste, desiste,
a morte não espera, insiste

Cortando a vertigem do caminho,
com o afiado gume, vou sozinho,
o resplandecer da lamina, o batom,
indústrializa-se a última emoção

o medo não assiste, desiste,
a morte não espera, insiste

Produz-se o rispido acto fulcral
sempre o mesmo sangue no final
qualquer que seja a sublimação
desta vez não é prosa, é canção.

Extrato de "Camomila, o regresso á eternidade da filha não pródiga".








1 comentário:

Mr. Jeccus the 1rst disse...

Caro Valença, os anos passados a ouvir Moonspell e a arranhar as paredes vaginais de miúdas góticas até faê-las sangrar, dão nisto...lol