quarta-feira, 6 de junho de 2012

Salvemos o mundo, façamos greve

Escrevo-vos dos calabouço profissional onde me encontro, para vos dar conhecimento, em segunda mão, desta noticia inaudita nos ultimos séculos, se a minha memória não me faz uma cueca de tribela.

"Médicos vão fazer 2 dias de greve em julho, em defesa do serviço nacional de saúde e dos Portugueses".

Julgava eu que, segundo as leis internacionais, constitucionais e de índole democrático, a greve era um direito adquirido que funciona como arma de recurso do trabalhador, em defesa dos seus interesses individuais e colectivos e como forma de desagrado para com a entidade patronal.
No entanto para meu espanto, a greve também serve para ajudar os portugueses amigos.
Senhores doutores, como portugês,

agradeço o facto de cancelarem as cirurgias programadas, posso ir á praias e ser operado noutro dia;
agradeço ir á consulta e depois de estar á espera 4 horas vir de mão a abanar, não gasto dinheiro na farmácia;
agradeço esperar 7 em vez de 5 horas na urgência, conheço mais pessoas;
agradeço estar internado e não ser visto por nehum dos grevistas durante dois dias (isto é verdade),
agradeço sobretudo que lutem pela manutenção de horas extraordinárias, sem as quais poderiam mtrabalhar na mesma mas não era a mesma coisa...

Da próxima vez que alguém decidir fazer uma greve, talvez seja com o intuito de "matar a fome na somália", "ajudar os países resgatados pelo FMI", "impedir o tráfego de pessoas humanas" ou "por fim ao programa a tua amplitude anal não me é estranha", enfim tudo causas nobres, altruistas e que levam ao aplauso em unissono dos bem aventurados do nosso pais.

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